quinta-feira, 20 de novembro de 2008

À procura do ritmo...

Texto sem marcação de dia e mês
Segundo semestre de 1976

Chico,

As pessoas estão acostumadas ao atropelo. A fazer tudo certinho e depressa pra não perder tempo. Dão um ritmo à vida que não é o da vida. Riem só um pouquinho, ficam logo sérios. Depois duma frase, duma fala não pode haver o silêncio, tem que haver outra fala, uma enxurrada. Até pela pessoa que se ama, choram só um pouquinho, é bom que nos recuperemos logo.
Penso que podemos fazer os 3 médicos num ritmo (o da vida) ou num outro (o que as pessoas emprestam à vida).
Se fizermos no ritmo da vida, será um teatro que pode ser pausado. As pessoas riem e a risada fica ainda um pouquinho no ar, como um eco. Se fazem um gesto, o gesto deve existir o tempo necessário pras pessoas registrá-lo, fotografá-lo.
Nada do que acontecer na peça, deve ou pode passar despercebido das pessoas que a assistem, a não ser que esta seja nossa intenção.
Clara Lúcia
Texto sem data

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