sexta-feira, 24 de outubro de 2008

É facil fazer! É fácil fazer?

Quinta-feira, 16/09/1976

Estivemos na Biblioteca: eu, Bia, Serginho e Eveline. para colher informações para a matéria que temos de fazer pra TJT. Depois fomos conversar com o Chico. Conversamos sobre o trabalho. Depois sobre o que havia acontecido na Oficina. Chegamos à conclusão que o Carlos tava com ciúmes. Havia reagido contra as peças porque haviam fugido muito do texto original organizado por ele.
Outra coisa: o Carlos tá muito preocupado em colocar na peça certas implicações políticas. Desde o início ele havia deixado isso bem claro:
  • Queria que na peça aparecesse o problema dos favelados, dos que não tem onde morar.
  • Queria que aparecesse a repressão agindo: delegado, policiais, o prefeito expulsando as pessoas que haviam feito a casa em terreno que não era delas.
  • Queria que houvesse uma passeata, manifestação das pessoas que tinham feito a casa.
O Carlos deixou bem claro que achava a peça reacionária e muitos concordaram com ele, o Flávio e a Ana, principalmente.

Escrevi :
  • É fácil fazer contraria o pensamento vigente que é o de incutir nas pessoas que tudo é difícil, precisa ter certo preparo pra se fazer. As pessoas são incapazes de decidir o próprio destino. Precisa de alguns que lhes digam o que fazer, como e porque.
  • É fácil fazer protesta mais contra ordem vigente do que mil frases feitas ditas pelo Carlos. Mais que todas as constatações que ele quer fazer aparecer na peça.
  • É fácil fazer – diz tudo o que se precisa dizer, brincando, como numa festa onde a mentira é proibida.
Nota: É fácil fazer é o nome da peça infantil que estávamos construindo. E que se tratava exatamente da construção de uma casa.

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