quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Repetição, o perigo das coisas que dão certo...

- continuação do post anterior -

10.
O perigo das coisas que dão certo é a tendência natural de repetí-las. O que dá certo pede repetição. E a repetição substitui o lugar de outras coisas que poderiam ser inventadas. Então, estamos em face desse perigo: de querer repetir esse processo mecanicamente, o que é um engano porque não se consegue. Mas se arremeda. Esse ideal de repetir o processo ocupa o lugar de outros processos, de outras invenções.

11. Outra lição que tiramos do que fizemos é que essa coisa é efêmera e de uma ocasião. Ela pertence a uma ocasião. Pertence a um instante. Pertence a uma momento. Em outra vez que fizermos teatro, temos que nos por , de novo, novos. De novo crianças. De novo ignorantes e procurarmos perceber as regras daquele instante, daquele fazer. O que a gente conseguiu com o teatro que fizemos não é de modo algum a permanência do processo pelo qual conseguimos fazê-lo. Mas, sim, a sabedori de abandonar esse processo, de perceber que esse processo é insatisfatório mesmo para uma vez, para uma ocasião, para um instante; que ele não deve ser repetido de propósito porque apenas demonstrou que é possível fazer teatro.

Nenhum comentário: