segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Colocando o texto de pé...

Segunda-feira, 27-9-76


Chico: Já escolheram os papéis?
Jorge: O pessoal que trabalha na peça se reuniu e uniu os textos. Começa a ler o texto.
Chico: Vamos ler fazendo? (de trabalhar como atriz)
Bia: (Quer desistir de fazer a peça e fala com o Chico).
Chico: Quem quiser desistir não precisa comunicar. É só desistir.
Ana: Propõe como fazer.
Chico: Vamos fazer sem saber como?
(As pessoas tentam fazer).
Gustavo: Não tá dando certo.
Chico: Tá sim, ora não tá...
Por favor, sintam o que tão dizendo.
(A Ana emburra. Desiste. Vai sentar).
Cris: Se é pra fazer vamos fazer direito.
Chico: Tá direito. Tá ótimo.
Cris: Tá embolado.
Chico: É a primeira vez. Tamos fazendo tropeçadamente, mas ta ótimo. Por favor, ninguém iniba ninguém. Quem estiver com excesso de racionalidade, se retire. Quem tiver uma idéia venha executar a idéia aqui na frente, comover os outros com a idéia.
Fazem as mímicas.
Depois o pessoal se preocupa muito em fazer as falas de maneira certa logo na primeira vez.
Chico: Faz de conta que aqui não é a TV Globo. Aqui a gente pode errar. Pode-se procurar descaradamente as frases, as palavras no texto.
(O pessoal termina de fazer o texto).
Chico: O texto, este aí, tá muito diferente dos outros já apresentados? Pra que mudaram? Pra fazer um sétimo texto? Não precisavam ter modificado o texto antes das idéias ficarem de pé.
Que texto montar? Não temos as mesmas idéias.
Podemos começar pelo texto da Ruth, do Daniel e Márcia ou pelo texto-síntese.
Por qual começar?
Alguém diz: Pelo do Daniel e Márcia, todos já têm o texto.

É sugerido:
  • Fazer pausado
  • Sacrificar a cadência em favor de se criar uma certa ambiência
  • Não fingir que se sabe o texto decorado
  • Não preencher o silêncio com palavras que não existem no texto
  • Se deixar cair num abismo

Começam novamente:
  • A Bia canta.
  • O Jorge diz um poema (de uma maneira estranha à peça).
Chico: Que mentira danada: uns falam como se já soubessem o texto. O outro aí chega com um personagem pronto.
Jorge participa de uma mímica. Cai e se machuca.
Chico: Fique sentado aí. Você agora está adoentado. Pelo amor de Deus! Façam pausado. Eu faço observações e vocês continuam fazendo do mesmo jeito sempre. O que estamos tentando fazer agora, aqui, é tentar amolecer as situações do texto, fazê-las com um brilho maior.

Começam fazer a casa. Só com gestos.

Chico: Estamos fazendo a casa duma maneira muito adulta. Por que vocês não brincam um pouco? Já existe o jogo de amarelinha riscado no chão.

Nosso trabalho:
  • É o de descobrir o modo geral da peça.
  • Descobrir o que a gente tá fazendo e dentro disso fazer outrascoisas.
  • Podemos fazer a peça toda brincando de roda. Se cansar, diz umas coisase volta a brincar.
  • Podemos descobrir uma certa continuidade na peça.
  • Vamos combinar um pouco.
  • Vamos ver se dá certo, fazendo.

Começam novamente a encenar.

Chico: Uma música. Cante uma música.
Cris: Que música? Uma que as crianças gostam?
Chico: Que as crianças gostam. Que o mundo gosta.
Cris: Qual?
(Ninguém se lembra de uma música. Gustavo umas brincadeiras: canta A Mala. Rapaz Latino Americano)
Chico: Estamos diante de nossa incapacidade de nos lembrar de uma música conhecida.
Antônio: Podemos fazer um coral.

Chico: Vamos em vez de dizer, fazer Se precisar de uma planta: buscar logo a planta.

O pessoal começa novamente. Fazem rápido demais
Alguém comenta: Acho que não fizemos direito.
Chico: Fizeram sim. Só que muito rápido.

De novo:
  • Fazem o início.
  • Brincam um pouco.
  • Começam outras brincadeiras, agora de como devem ser as falas: sem intrepretação ainda? com ou sem impostação de voz?
Chico: Vamos pra casa. Refletir um pouco sobre o que aconteceu aqui. As pessoas que fizeram e as pessoas que assistiram, tragam idéias.

Nenhum comentário: